segunda-feira, 24 de março de 2008

Barriguinhas



Morador serrano, todos os anos, corria para a praia. Seguia pela Costeira de Pirajubaé num trânsito lento, ia passando pelo Campeche, Morro das Pedras e Armação.

Naquele calor, ficou a lembrança de vários moradores andando de bicicleta, sem camisa, carregando(equilibrando graciosamente seria o termo, porque uma das mãos conduzia a bicicleta e a outra segurava a gaiola), igual troféu precioso, uma gaiola com passarinho. Eu via que era um pássaro pequeno. Uma habilidade inata daquele povo, que se movimentava assim no meio da fila de carros, passava os sinais, lombadas, subia em calçadas, em meio a risadas e gritos de saudação aos amigos. Eram os malabares daquele tempo. Suprema elegância era atingida quando a gaiola ia na mão espalmada, igual um garçon carrega uma bandeja de bebidas.

Chegava, então, no local de veraneio. Depois daquela competição extenuante que é ir às sonhadas areias escaldantes com duas crianças pequenas, por fim um soninho depois do almoço. Boba ilusão, pássaros cantam em trinados e “dobram” sem parar. Entendemos o porque daquela cena recorrente. Em cada habitação pode ter dois até quatro pássaros em gaiolas, raros os casos de um pássaro só. Obrigatório mesmo é o curió, ele canta sem parar(aprende com os pares e evolui), o segundo na lista o coleirinha é bem bonitinho(mas muito repetitivo, “não dobra”). Rematando tem os canários belgas, simpáticos, aprendem também. Veja, casas próximas, cessa o movimento, forma-se uma seqüência, o canário belga canta sem parar, o curío faz incursões médias e o coleira breves “atuações”. Em pouco tempo vc tem ímpetos de convocar as autoridades, fica pensando, será que não existe uma lei. Mas depois, enfim, se acalma é a cultura do lugar.

Bem mais tarde ficamos sabendo, tem competição de curiós, um bom vale mais que um cavalo treinado, só para comparar com o torneio de laço.É assim.

terça-feira, 18 de março de 2008

O Rio Grande Amado e........os outros lugares



Gauchinhos, em geral, crescem sem maior intercâmbio com outros povos. Morando no interior de Bagé, até os 13 anos, praticamente não conhecia “estrangeiros”. Sabia que existiam os castelhanos porque as rádios deles invadem o espaço brasileiro. Parecia que não havia lugares tão bons como a Rainha da Fronteira.
Na universidade, um choque cultural, os “catarinas” eram quase maioria. Chocava saber que eles nem se importavam com a “nossa cultura”, só falavam em verão, praias, camarão, essas coisas, enfim não se impressionavam com os lindos campos, pode isto.
Muitos anos depois, um grupo de estudantes estrangeiros, maioria da Europa, estava na fronteira alegres e faceiros como são os jovens. Então uma vizinha, nativa, veio perguntar “o que eles acharam destes nossos campos”, ficou desapontada com a resposta de que eles nem reparam em qualquer especialidade.
Uma vez fui convidado a “retornar” , tinha vaga, me disseram, eu não aceitei, minha atitude nunca foi entendida. Na realidade se pensa que morar depois do Rio Uruguai é quase como um exílio.
Este pensamento me ocorreu no domingo, no Largo da Ordem, onde havia um grupo de turistas alemães, divertiam-se num bar e aplaudiam a música ao vivo. Estou cada vez mais longe do solo pátrio, ahahahahah

segunda-feira, 17 de março de 2008

Cafezinho na repartição

 Cantina...
Calcule, passa de 400 almas para abastecer de cafezinho, pães, adoçantes, copos descartáveis, margarina e tudo o mais. De manhã e tarde, cinco dias por semana.
Cada comensal tem “assegurado” um pãozinho e um copo de café 200 ml, a critério(preto ou com leite), mais dois cafezinhos, em tese já que seguido chega-se ao local onde tudo foi, por assim dizer, devastado. O prazo, teórico, para o embate é de quinze minutos.
Então corre uma lista, os companheiros tem de escolher o perído de trabalho onde vai ser consumida a porção. Opções, duas, manhã ou tarde, simples não é mesmo. Tudo se originou em vista de uma certa perda da organização suposta, se podemos assim nos expressar, para classificar a verdadeira loucura que era aquilo.
Precisamos, então, controlar isto, administrar, quando se fala nisto vem o pensamento de informatizar, fazer gráficos, tabelas, estatística geral enfim. Assim é preciso reconhecer que a criatividade de nosso povo é mesmo impressionante, podemos ver, em frente as soluções cogitadas.
A-Moderno, o conceito de rastreabilidade é, aplicável, para este caso, poderíamos chipar os servidores, um sensor ficaria na porta de entrada com um poderoso alarma disparando se um engraçadinho resolver acessar o ambiente uma segunda vez. Um timer num painel mostrará o “esquecido” que ultrapassou os quinze minutos naquele paraíso. Tudo ligado num micro ao final do dia emitiria circunstanciado relatório das ocorrências;
B-Porta automática, solução atraente pela fácil aplicabilidade, o funcí passa um cartão magnético identificador mais senha de 8 dígitos combinada com grupo de letras. Suscitou dúvidas pela facilidade de clonar o dispositivo;
C-Catraca e código numérico, igual aquela das academias, idéia logo abandonada, naqueles locais vive em manutenção;
D-Catraca e leitor de características especiais de cada empregado, me refiro ao polegar ou impressão digital, hipótese também abandonada, nas academias vive quebrada;
E-Método conjugado, impressão digital e scaner de íris, cientificamente perfeito. Não foi muito apreciada pela parafernália envolvida, a instituição iria pagar fortunas em indenização, qualquer cisquinho no olho daria processo, outras coisas, então.....

quinta-feira, 13 de março de 2008

Meu carro é vermelho...



Moça no carrinho vermelho, o sinal abre, então ela passa a marcha, solta o freio de mão e parte, lentamente.
Idoso, palito na boca, tenta estacionar carro vermelho numa vaga com pouco espaço, demora.
Senhora distinta, carrão vermelho, manobrando no shopping, cuidado, muito cuidado.
Jovem competidor, esportivo vermelho, fazendo besteiras na avenida iluminada.
Amigo, todos os dias os casos se repetem.
Nos ocorre pensar - são barbeiros - mas tem um ponto que não confirma é o jovem fazendo loucuras na avenida.Então, talvez, o vermelho, é pode ser. Este padrão nos tem causado um sentimento tipo "terror vermelho", no trânsito um vulto que lembre, mesmo vagamente, o "tom" nos leva a bruscas ações defensivas.
Procurando a causa lembramos de manchetes antigas como "ameaça vermelha", "arruaceiros agitavam bandeiras vermelhas". Também registros atuais falam em "maré vermelha", "vermelho de raiva", "gravata colorada", essas coisas. Eu tive, um ódio sincero, por um carrinho vermelho, de verdade ele nunca foi bom, tudo isto ajudou a formar este complexo com o rubro.
Não posso esquecer do tempo em que o colorado foi bicampeão, aquilo foi um sofrimento, deixou marcas. É foi isto.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Parques


Parques ..........
São lindos, aqui tem muitos, este aqui é o Tingui. Um que gosto é o Barigui, tem sempre muito movimento, para mim locais urbanos amplos e desertos são aterradores. Bichos diversos estão por ali, tem um riacho que atravessa. Capivaras não faltam, nutrias também. Os reis dos gramados citadinos tomaram conta, falo dos inconfundíveis quero-queros, agora eles deram de pousar em cima de casas e pequenos prédios. Quando a área é alagada as galinholas, multiplicam-se facilmente. Nos ares predomina a amargosa uma pomba que adaptou-se na cidade e nidifica em qualquer sinaleira, saliência de prédios, árvores também claro. Algumas aves migratórias existem por lá eu conheço uma de nome comum maçariquinho e outra preta e branca não sei o nome. Não vi os jacarés, tem um caso relatado pelo jornal Gazeta do Povo, pessoas passeando por ali olhavam um jacaré, então um guaipeca passou e foi direto se refrescar no lago. Furiosamente o jacaré atacou e comeu o pequeno cão inteiro deixando indignadas as crianças que assistiam. Vou registrar as aves que vivem ali e mostrar em outras ocasiões.

Selso

segunda-feira, 10 de março de 2008

Pint número 2, 3,4,,,,,,,,,,,



Em viagens me sinto muito bem, vou achando graça das coisas e situações. Vendo as notícias sobre os problemas dos companheiros na Espanha, lembrei de certas dificuldades, intrigantes, por exemplo, beber a segunda dose, ahahahahah
Aqui no Cone Sul é fácil manter uma “empatia” com os hermanos. Um simples elogio de um bife de chorizo inicia um entendimento, origem do gado “que petáculo”, que vinho combina e assim por diante.
No velho continente, porém, é preciso mais cuidado. Depois de algumas “escaramuças” tiramos alguns, procedimentos que são muito bons.
Nos pubs ingleses é simples obter sua primeira pint, o segundo atendimento requer uma estratégia. Um que eu conhecia, tinha uma “ilha” quadrada onde as pessoas faziam pedidos de cerveja, eu ia em lados opostos e conseguia receber minha cerveja sempre de um garçon diferente. Num balcão comprido o método é sair como quem vai ao toallete ou dar uma olhada em outro local e ir na ponta do balcão como se estivesse interessado em marca diferente de cerveja e ser atendido, claro, pelo garçon daquele ponto. Nos bares o fator surpresa é muito importante, pense no que é entender o seu “inglês”,duas, três, quatro vezes, e ainda depois que ele descobre que vc vem daquela nação em que gorgeta não é, digamos, tradição, ahahahah. Caso este sistema não funcione, desanimar é bobagem, pratique a velha tática vá passando de bar em bar, processo bem sucedido nas praças lotadas de bares com cadeiras na rua, mas cuidado inicie cedo o trajeto, vc tem de tomar todas antes que toque aquele sininho irritante e alguém grite “last order please”. Abraço a todos.
Selso

sexta-feira, 7 de março de 2008

Tempo da não existência


Hoje fomos almoçar no Juvevê, de ônibus, no famoso bi-articulado.


Observando as pessoas que utilizam o “transporte público”, concluí que, durante as viagens, se estabelece um fenômeno que denominamos “tempo não existencial”. É como se a vida passasse por um processo representando o nada, simples assim.
Entrando no terminal inicia a contagem do tempo que não existe.
Uma vez no latão vermelho, uma sensação de urgência de saída aparece mesmo em pessoas sem qualquer compromisso, olham-se relógios, celulares são nervosamente teclados, olhares ansiosos procuram as estações. Reconheço que a maior dificuldade é para onde olhar, a ética do lugar recomenda não prestar atenção em pessoas. Um "olhar perdido" pode.
Não dá para socializar, fazer amizades, essas coisas. Já uma boa briga pode facilmente acontecer, as portas são um bom local para arranjar, rápido, confusão. Outra forma é aquela mochila que vai batendo nos outros, ahahahah Tem a conhecida “cortesia” dos ônibus, “licença” e o pobre viajante é pisoteado, “licença” e tome cotovelaço, “licença” e vai um amasso legal.......
Desembarcando, recomeça, por assim dizer, a existência,as garotas procuram imediatamente uma vitrine, ou qualquer tipo de superfície espelhada, certificando-se de sua real aparência. Nos homens um comportamento recorrente é apalpar os bolsos conferindo as carteiras e, no quesito aparência, uma passada de mão pelo cabelo.

Navegantes


Depois de um ano, passei na balsa Itajaí\Navega, estava lindo o novo porto iniciou atividades. Sempre fui atraído pelos portos, quando fui para a Holanda fiz um city tour pelo porto de Rotterdam.