sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

CHURRASQUINHO DE GATO

Veio o final do ano, jornada legal, grande evento , convite para todos os companheiros.

Rendeu algum debate a melhor forma de encontrar o local, linda chácara em Piraquara mas não era, digamos, prudente, ficar se perdendo por ali. Experientes companheiros avaliaram os mapas disponíveis, alteraram as referências e deu certo, sem um caso sequer de extravio.

Algumas escaramuças foram registradas no estacionamento, avançar decidido em campos molhados é tarefa que exige certa prática, assim condutores muitos acostumados no trânsito urbano podem ter algum contratempo. Ao sair vimos um caso representativo, carro da colega ficou preso na lama, de pronto batizou os outros carros e pessoas ali perto. Prestativo um companheiro dizia, “se colocar o tapete dos pés na frente das rodas resolve?”..... não funciona, é claro, e mais lama para todo lado.

Enfim na festa cada grupo que chegava, rodava em círculos analisando a situação e depois se dispersava por ali. Passado este momento, iniciava um processo diferente de acomodação em algum grupo ou local. Nesta hora o que pesava eram as atrações do lugar, as âncoras, expressão que os shoppings usam para definir o que atrai, de verdade, os clientes.

Disparou largamente na preferência a banca do espetinho. Podemos lembrar, coisa de trinta anos, o espetinho ou churrasquinho de gato “iniciava sua caminhada”, era visto nas grandes aglomerações populares, o desfile de sete de setembro, na frente dos estádios e outros eventos, sempre com aquela marca, fumaceando e cheirando à carne sapecada. O apelido veio da falta de confiança que havia com a origem da carne, cortada em pedacinhos, bem temperada e sapecada em fogo alto, quem iria saber o que era, filé do supermercado é que não, se comentava, jamais se via um simples traço de carimbo do SIF. Mesmo assim, se ele estava lá, é porque tinha interessados, clientes, foi criando um mercado, um nicho. Infiltrou-se em outros eventos mais tradicionais as festas municipais, de igreja, de associações. Institucionalizado, foi preciso adequar às normas de outros produtos alimentícios. Agora temos a “indústria do espetinho de gato” é um prato nacional, firmas se especializaram para facilitar a situação. Ficou mais simples, os espetinhos vem prontos e embalados limpinhos, e os frigoríficos têm “uma linha” de produtos para esta paixão nacional, carne de frango, de gado, suínos e embutidos só para isto.

Intrigante para os analistas, mas tem uma série de vantagens competitivas. Nem todos são peritos assadores, tipo exportação, de Nova Bassano, qualquer um faz. Não precisa uma faca Coqueiro para cortar, não engraxa as mãos, não precisa prato, você pode sair com ele caminhando, pode ficar em pé nos “bolinhos” enquanto rola uma piada qualquer. E, principalmente é muito saboroso.

De início muitos esnobavam o “prato”, a história tem outros casos (como a feijoada), mas agora se entregam com prazer ao delicioso aperitivo, combina bem com cerveja gelada. Foi o que se viu na festa, ninguém sossegava até sair com um deles, qualquer sabor valia, partia dali para outras barracas. Os em início de carreira aceleravam até o ponto dos coquetéis, gostam de bebidas fortes, alguma coisa que contenha vodka. Os mais rodados, felizes se encaminhavam para mesas estratégicas, perto dos barris de chopp, já passaram para bebidas mais suaves.
Rematando, as crianças colavam na banca e, praticamente exigiam o seu, é para todas as idades. O prático assador de espetinhos, agora é profissão meritória, se esforçava, no limite dava um ponto num lado, virava e pronto lá ia um encantado apreciador do churrasquinho de gato.

Selso Vicente Dalmaso