quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CEDRINHO





Num setembro ví em casa duas mudas de árvores, as crianças ganharam no colégio, era a semana da árvore. O cedrinho era muito pequeno, coisa de uns três centímetros.
Fiz um “acordo de equipe” vamos plantar, motivei a turma, disse que era muito importante.
Num sábado partimos em missão, para a chácara da AABB, depois de uma boa chuva. Escolhemos, em conjunto, o local de plantio, costeando uma ruazinha interna.
Ainda posso lembrar, todos ajudaram a colocar terra em volta das minúsculas plantinhas, saíram com as mãos pretas. Fizemos uns cercados de estacas para proteger, mesmo assim o plátano não resistiu, consta que um carro passou em cima, depois eu plantei outro, é o que está no primeiro plano.
O que aparece em segundo lugar é o cedrinho, foi o Gus que trouxe da escola, durante vários anos sempre que íamos ao local eu convidava eles para cuidar da muda capinando, fazendo adubações, podando. Depois passei a fotografar já que não moro mais lá, eu me sinto responsável, vou ver se estão bem, examino e mando a foto para o Gus.
É o cedrinho do Gus, a primeira árvore plantada por ele aos quatro anos.

Abraço

Selso

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

VENÂNCIO II

Deu vau o rio, dobramos no Laçador e viramos na Tabaí/Canoas. Quase uma hora de viagem e já reconhecemos alguns lugares e nomes. 
Num pequeno lançante, hora do caldo de cana, o local muito típico, cheio de tarecos de cerâmica, garças, anões, vasos. Dali tinha levado, 25 anos antes, uma gamela de madeira branca, o pai foi conferir para ver se era de Açoita Cavalo, garantia para não trincar. Acho que era,  se manteve anos a fio, só entortou um pouco porque ficou na beira da churrasqueira e esquentou desparelho.
Apareceram as placas de Venâncio, aí perguntei pela antiga cutelaria, para saber paramos num posto Ipiranga, ehehe, eles sabem de tudo. Sabiam.
Nos indicaram o galpão da fábrica, até simples, com uma pequena sala de demonstração e vendas.
Poucas opções estavam lá, é que quase tudo tinha sido vendido, a especialidade é de facas especiais para presente e espetos para costelão e assadeiras profissionais. Então amigos, iniciei aquela falação sobre a historia do meu pai, e tal. Contei que ele tinha uma expressão “depois que apareceram estas porqueras não se acha mais uma faca que preste”. Ele se referia a gigantesca metalúrgica que vendia tudo que é coisa, mas de muito baixa qualidade. 
Enveredei, mais ainda, nas abobrinhas, disse que era escritor, tinha um blog, ahahahaha, e feito uma crônica da lendária faca.
Sem saber como se livrar do turista persistente, ela confirmou que a fábrica estava na quarta geração e tal, e aí “achou”um punhado de facas e bainhas.

Veio junto uma bainha artesanal, de couro cru, de ovelha, carésima também. Prende a ponta fina com uma trança de quatro, em tento finíssimo, de lonca, rematando em botão, coisa especial. A mesma lonca faz um trançado nos demais pontos. A costura vai num cordão ensebado de rim de ovelha.

Vendo tamanha disposição para jogar dinheiro fora, cobrou uma fortuna, e eu saí feliz da vida. Agora tenho uma Venâncio de fábrica.

Gracias

Selso

terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Venâncio"



Num gesto reflexo levou a mão ás costas, a “Venâncio”, carneadeira, não estava lá.
Para lembrar, tinha um aço zincado, tipo baioneta, azulado. Afiava numa pedra natural, quem conhece acha fácil, um dia olhava o gado encostado na cerca da invernada, não é que estava alí. 
Uma lata de água ficava perto, molhava a pedra e ia passando de um lado e de outro, segurava pelo cabo e a outra mão na ponta em pressão regular, angulado leve para “tirar a testa”, shim e shim ia gastando pedra e faca tudo junto, um som mágico, horas a fio.

Tem uma “cência” o movimento, ponta, meio e fim numa inclinação apropriada. Se afinar demais “dobra”o fio, se engrossar “fica cega ligeiro”. Mais água, shim e shim, afiava bem a ponta, era para sangrar, mais forte no meio, para esquartejar, no terço final engrossava, bom no corte de um espinhaço de ovelha e algum tutano.

Duas coisas a Venâncio jamais viu, esmeril e cozinha, era lugar para estragar as facas, dizia, botavam nas panelas e faziam “dente” a toa, batendo em osso buco. Mala suerte, de repente não se viu mais a carneadeira de confiança. Essas coisas acontecem.

Rodando por aí, me bati, de novo, em terras orientais, num representante de cutelos afamados. Saí com um conjunto, faca e chaira, de valor.

Material de primeiro uso, um sábio prático, olhou com interesse.
Pegou, assim, analisando o equilíbrio, agradou um leve peso frontal, valoriza o movimento de corte. Com a unha tirou um “canto” revelador da boa têmpera. Mirou o alinhamento, cabo de osso, humm. Aquele tom azulado, pode se ajeitar, numa boa mão.

Na velha bancada de angico, a pedra de arenito, gasta é verdade, ainda está lá. Quase outros tempos, a lata dágua e um tinir cadenciado, shim, shim, na manhã inteira. Por vezes parava, aquelas mãos fortes assumiam poder de afinador, pelo tato ia verificando o serviço. Só dava como pronto com um teste especial, com um movimento simples tirava uma lasquinha do calo da mão esquerda, desta forma mesmo.

Cuidando é só chairar de vez quando”, continua assim até hoje.

Abraço amigos,



sábado, 22 de outubro de 2011

PILÃO


Começa uma febril atividade, ferramentas, madeiras, fogo.  Para mim o mais importante era, no final, saber o que estava acontecendo, sempre sofri com isto, não eram anunciados os procedimentos.

Mas aí veio um tronco de madeira de mato, grande mais de 50 de DAP.
Descasca e serra na altura de 80 cm.
Começa grande função com enchó e formão escavando em círculo com uma borda de uns dez cm.
Pilão, disseram, vai saber o que era, parei de perguntar para não levar uns cascudos,
Continua a escavação até dois palmos de fundura, na boca alguma coisa como palmo e meio.
Mas bem que, por dentro, ficou meio irregular, áspero, com lascas.

O pai sempre tinha solução, encheu com uns cavacos e gravetos e,  botou fogo, até ficar encarvoado.
Em seguida limpa tudo, pronto alisou, raspa com cacos de vidro e depois vai utilizando, ficou perfeito.

Ele não funciona sozinho, precisa da "mão de pilão", construída de madeira bruta, tem uma ponta mais pesada para otimizar o trabalho.
Este pilão foi, assim, "passado" para a piazada, vale dizer, para mim, que era o mais velho(em pé à direita).
Função, descascar arroz, uma "cozinhada" por dia. Enche de arroz, e vai pilando, parece que nada acontece, mas em seguida
vai acumulando casca e tem de ir "abanando".
Resultado, voce tem o legítimo arroz integral, fresquinho, delicado paladar.

Me veio este pensamento num restaurande chicoso da capital, ia passando, sou fã do tal arroz, será uma "injunção da infância".

Juntou com outra recordação, a da abobrinha cozida, era a mais odiada iguaria para um amigo daquele tempo(em pé à esquerda). Ele enfrentou
as mais cruéis punições mas não havia jeito. Por fim, acreditem, ele foi o único que teve "alvará" para não comer alguma coisa
que lhe era servida.

Enfim peguei, uns nacos de rabada, utalo coisa boa, replicando outra lembrança da Terra dos Chimangos.

O Lobato, que só conheci de nome, era o carneador daquela esquecida comunidade.
Sempre ia um disposto companheiro com uma lendária faca "Venancio Aíres", afiada que só. Um mestre na trincha,
ia por gostar, ganhava, a rabada.  
Rústica especialidade bem feitinha num fogão da campanha, ganha um tom de "madeira",
o tempero era só sal e umas pimentas do reino amassadas na hora, é, num panaro com a garrafa de "Casco Escuro".
É muito saborosa, quem sabe outra "injunção da infância".

Abraço



sábado, 15 de outubro de 2011

"RECAÍDA"




Mais um daqueles janeiros da fronteira oriental, 14 horas de sol batido no geral perto de 35 graus, a tarde, então, é longa. Um Ipanema volteava e tome carregar uréia.
Terminou a atividade, assolhada a equipe se acomodou, mateando, nas casas, pela graça divina o sol ia baixando e entrou uma brisa. É um momento em que se fala baixo, calmamente, esta hora solene é cumprida numa varanda, as cadeiras ajeitadas de modo que se possa olhar longe, para os campos e bichos que se movimentam no final da tarde. Comentavam-se coisas e fatos do dia, e já se pensava em deixar o local e ir para a cidade.

Mas aí, amigos, o destino principiou a fazer das suas. De repente dois bólidos urbanos vem numa nuvem de poeira saltando buracos e pedras e viram na porteira em direção da roda de chimarrão. Eram companheiros em missão, aí que reparamos, vinham carregados de petrechos variados, de comer, de pescar, de beber. Nos boleamos, cansados. Mas aí desceu bem uma loira gelada, vacilamos. Veio um trator com reboque e já carregou a tralha toda.
Foi-se a turma para uma beira de açúde, fogo alto, carne no fogo, cerveja, muita cerveja.

 Botei as linhas nágua, três só. Podemos garantir, aquele tempo da tarde morrendo e iniciando a noite é muito importante. Na verdade é uma troca de turno, aves diurnas se encaminham para os pousos e aparecem os atores da vida noturna.
Cansados os companheiros do trabalho arrumaram suas barracas e outros foram se arranjando de qualquer forma. Este velho combatente sabia que ia dar confusão, tentou atalhar a lida mas não deu, foi só cair a noite parou o vento e um voraz enxame de mosquitos tomou conta do lugar. Nesta altura a gente já tinha devorado pedaços gigantes de ovelha assada e pilhas de latas de cerveja. Verdade que tentamos dormir, em condições precárias, me acomodei embaixo do reboque, pelo menos evitava o sereno da noite, se alguém já passou noite no relento sabe o que é de ruim. Toda hora eu pensava em abrir os olhos e dar com uma cruzeira sibilante.

Madrugada grande se ouvia algo que se poderia definir como expressões de ódio que pipocavam esparsas pelo acampamento, desisti de dormir e voltei para as linhas. Não é que começaram a dar movimento, despacito juntei um pequeno monte. Vale dizer lá só tem traíra mesmo, elas tomam conta dos açúdes, fazem acordos com os cágados. Precisa dar um crédito para os urbanóides pescadores, ainda tinha cerveja gelada à vontade.

Podemos imaginar o amanhecer, companheiros mal humorados, nem precisa falar da aparência assustadora de cada um, iam se juntando aos que estavam na pesca. Revoltados avançaram na caixa de cervejas buscando energias extras.
Foi nesta hora que uma nervosa movimentação se originou perto do trator, demoramos a entender a ocorrência, era, digamos assim, um “arrumar”de tralha. Na verdade, depois vimos, voou tudo num amontoado de colchão, travesseiro e o que mais tivesse em direçao à carroceria do reboque.
Em seguida explodiu espécie de desabafo, “esta foi a última recaída”.

Abraço




sábado, 8 de outubro de 2011

FUNDO DE CAMPO


Era o primeiro decanato de aquário, num janeiro louco de seco e quente. Ventou “norte” três dias, no final da tarde o sol baixou atrás de nuvem escura, que veio cobrindo tudo num temporal medonho.

O pai fez um meio sorriso orgulhoso, Dona Chininha avisou, “piá”. Havia ansiedade o ramo paterno era conhecido pela macharia, e a mãe tinha montes de irmãs. Reza a lenda que Dona Chininha, cabocla meio índia Guaraní, fez um gesto em cruz e uma prece singela, “crê’in Deus Padre”, e completou, “Deus ti crie pru bem”. A mãe pediu para o lampião chegar perto e sentenciou “ele vai ser doutor, não vai se criar neste fundo de campo”.

Pois se fala que pegou um portezito e vivia em busca de colégios, estudos, viagens e nunca mais sossegou.

Ficar em casa nos três meses das férias do verão custava, vivia inquieto.

Enroscou o anel de grau numa porteira, botou no bolso, lidava numa pesagem de gado. Deu falta já em casa, nunca mais se viu o símbolo da promessa realizada, a pedra era azul.
Abraço amigos

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A montaria


Pelito grosso de inverno, crinas reviradas na ventania gelada. Vai, assim, de um mouro a zaina, cabeça leve, orelhas pequenas em alerta. No campo aberto o clima castiga meses a fio, mas o “estado” é bom, encorpada, bons aprumos. Mostra harmonia nas relações de altura, comprimento e definição muscular. Cascos pequenos, escuros na frente, onde tem mais tração, é fundamental.

É a montaria do chefe, se nota, serena, não mostra nervosismo, lisa de lombo, só ele encilha. Em caso de “percisão” vai para a lida geral, mas primeiro tem de “adelgaçar”, ao menos um meio dia de cabresto na sombra da mangueira. Alivia um pouco a barriga, aparece o “vazio” e acomoda melhor os aperos. Com a raspadeira alisa o lombo, tira a poeira e tal.

O baixeiro vai um pouco na frente e cuidadosamente é puxado para trás até o ponto certo, assim o pêlo fica natural sem “apisoá” o animal. Carona curta e bastos amaciado ajustados em perfeição, firma a cincha sem exagero. Dois peleguitos do tamanho máximo da carona e completa com a sobre cincha.

Pronto, ao montar ela “endurece o lombo” sabe que vai trabalhar. De início, é de praxe fazer umas evoluções, para aquecer, volteia para cá e para lá, pequena sofrenada e deu. O cavaleiro sempre comanda com a mão esquerda, leve, leve, na “mão de laçar” vai o mango ou arreiador, obrigatório.

É isso amigos, abraço

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O que lhe “conta” um velho brete?


Quando chego numa propriedade, passado aquele momento de conversa e socialização, se tiver um tempo, vou até as mangueiras. Naquele conjunto de coisas o que mais atrai é o brete. Gosto daqueles de madeira de lei, cheios de liquens esbranquiçados, antigos, resistem ao tempo.

Eles contam a história do lugar, com marcas de cascos nervosos nas laterais, mais em cima sinais de chifradas. Guardando um silencio respeitoso, subo na bancada e “miro” no alinhamento do tronco. Reparo no piso gasto. Encostadas em geral, pequenas varas e guiadas indicam ação recente. As travas tomadas de manchas de mata-bicheira, algumas ainda da velha creolina e óleo das vacinas, revelam procedimentos realizados. Às vezes restam caixas e outras embalagens de medicamentos ali nas imediações.

Precisa respeitar o lugar, apesar de uma sensação de segurança, ali ocorrem muitos eventos, uma simples vacina é suficiente para levar cabeçadas nas mãos, numa destas a agulha cravou na minha mão. Embretando “a pé” levei chifrada feia no braço, ralou a pele em meia lua, marca que ficou.

Abraço

sábado, 25 de junho de 2011

LOUQUEANDO EM SAMPA

Bom,  no sábado partimos felizes, mais um rolo, os celulares tocando, a Rê já estava na grande Urbe. Tem uma rotina, chegando a gente se instala e parte para as ruas, primeiro compromisso é buscar o kit, tipo de apelido, para o conjunto da camiseta, brindes, bonés, chip, propagandas e obrigatoriamente passar por um corredor com ofertas de tudo que é porcaria que a gente não precisa, mas fazem parte da liturgia. Cronômetros, porta medalhas, óculos(por sinal eu não corro com os de sol normais, são pesados, até que tinha uns que me agradaram, quem sabe, super leves, protegem dos raios gama, ahahah, nas fotos dá para ver que o sol tropical nos castigou os olhos), bobagens de comer, na linguagem deles são energéticos, dizem que o melhor mesmo é rapadura, gostei do mandolate no final da corrida, eu comprava em Caçapava lá perto do Taschetto, que tinha um depósito de bebidas com um cheiro característico dos engradados de madeira com cachaça derramada. Outra opção é rapadurinha de leite, foi o que me salvou aqui durante uma “corrida da prefeitura” não deram nem mesmo as tradicionais bananas, ricas em potássio para evitar as câimbras. 
  
Se tem uma coisa fundamental mesmo é a camiseta do evento, sem ela não tem graça, é bom  ver a multidão toda colorida.   Nosso hotel ficava a onze quadras, fomos caminhando, logo em seguida vão chegando pessoas com a mesma camiseta, a gente fica aliviado, porque o trânsito é interrompido e precisa apressar para aquecer, ir no banheiro. Aqui tem um capítulo, o caso do banheiro. Num dia normal de trabalho a gente só lembra disto antes do almoço, mas a ansiedade da corrida acelera os procedimentos, de repente precisa ir nas detestáveis  “casinhas” que tinham tudo para ser modernas, mas parecem certas construções que conhecemos em tempos idos.
No mesmo nível tem o “Número de Peito”, nome assim meio esquisito, pode confundir os não iniciados, na verdade é o emplacamento do competidor, desta vez fiquei muito orgulhoso com o 27.147 e o da Rê, 24.153.  Fornecem, também noção da performance dos abnegados seguidores deste tipo de religião, neste caso quanto mais baixo o número melhor o atleta
Uma idéia da dimensão da corrida foi na retirada do kit, ocupava um ginásio inteiro no Ibirapuera, e nós ali zanzando.  Mas a turma do esporte das ruas é calma e devagar as coisas vão se organizando. Não tem nervosismo, gritos, empurrões,  mesmo quando a numeração ia até 28.000 uma coisa de louco.  Grandes marcas no patrocínio tudo fica mais fácil, uma hora, deu para tirar foto, validar o chip.
 No Ibirapuera já achamos um ponto para um almoço leve, feijoada. Gastamos horas olhando os tarecos do kit.  Retornamos para o hotel, um corredor precisa “sestiar”,  em seguida andou o plano para a noite o restaurante precisava ser temático, pastas e vinho, certo.
Ritual consagrado a Noite da Macarronada foi intensa, já tinha mais pessoas da família, suficiente assim para zerar dois chiantis na maior tranqüilidade, ali mesmo na Moema.  Esta parte de relacionamento social é da Florzinha, assim que tocamos o solo Bandeirante ela ligou para queridos parentes da capital.  E aí tivemos um carinhoso apoio na escolha do lugar, e principalmente a companhia alegre no jantar, é o que eu sempre falo, apesar de rodar por aí temos  necessidade de estar com pessoas que conhecem nossa cultura.  

Precisamos recordar, foi antes da vinda da Aninha, a gente em grande atividade, planejou o ano de 2011, cada mês um evento esportivo oficial. Naqueles dias mesmo era Jurerê,  depois alguns aqui da cidade. Daí veio aquela jornada épica de POA, era um início de ações externas, foi em março.  Sumimos em viagens e treinos leves, então um dia a Rê enviou mail comunicando a maratona de São Paulo.   Nos atraiu imediatamente, partimos para as ofertas de passagem aérea, a montagem toda foi da Florzinha,  com apoio da turma de Sampa, além da família tem amigo especial da Rê.

E aí amigos, a concentração tinha, algo como 30.000 pessoas, demoramos mais de 15 minutos para chegar no pórtico. Nossa equipe, participando no grandioso evento, música linda, gente do mundo inteiro, uma coisa.
Saímos num trotesito subindo a Ponte Estaiada, monumento da modernidade da capital, desci embalado até a rua, em seguida sobe de novo e atravessa o rio Tietê fazendo um retorno, quase dois km nesta lida.  A Florzinha se mandou para o local da chegada, era a primeira corrida que terminava em outro ponto.  Continuamos por uma larga avenida, a Berrini, para em seguida chegar na JK, daí num longo túnel em U, lá no meio tem um poço de luz bem grande, os raios de sol mostravam a intensa fumaça da poluição,  o que nos trouxe uma preocupação porque nesta altura já havia cansaço.  Lá no km 9 viramos para o parque Ibirapuera, cheio de sol, um conjunto tocava um samba nos divertindo.  Nesta altura já tinha multidão, TV, locutores, tudo muito emocionante, exaustos e felizes nos dirigimos para a vitória simbólica dos atletas amadores, chegar, sorrir, abraçar os amigos e familiares.

Então esperamos a chegada da maratona de verdade, quase uma veneração, eles correm 42 km, precisa muita coragem, parabéns a todos.  Um arrepio percorre a multidão quando os maratonistas estão no ponto que eles chamam de funil, ali no final do percurso.
Achamos difícil de encontrar em solo pátrio outro evento assim, vamos dar chance para o Rio de Janeiro, quem sabe no segundo semestre, aguardaremos. 

Não deixaremos de avaliar situações além fronteiras, nos parece atraente a idéia.
Abraço
Selso Vicente Dalmaso

quinta-feira, 9 de junho de 2011

"QUANDO OS VENTOS DA MUDANÇA SOPRAM..."

“Algumas coisas eu planejei, o resto foi destino mesmo”, eu que falei isto.
Quando a gente quer acostumar numa situação de conforto, os astros desalinham e, você sente os ventos da mudança. Intrigante, parecia que, de novo, se organizava uma composição para continuar um bom tempo assim.

Aí, num vacilo, altera um projeto, alguém fala “de uns estudos” e lá se vão os planos. Não tememos a mudança, só que conhecemos o preço e, também, as vantagens. Vai em nosso sentimento a necessidade de um recomeçar, tudo terá de ser feito. Quando saímos a regra era que o certo era vir, agora o certo é partir, é assim.

Tudo começou num almoço de novembro 1999, eu falei, vagou Itajaí, e nunca mais sossegamos. Aqui mesmo eu falava, tá corrida a lebre, estou pronto para ir embora. De repente você tem esta sensação. Primeiro a gente pensa, depois o destino faz as coisas acontecerem conforme você desejou. Forças cósmicas se arranjam e tudo vai no sentido da realização das mudanças.

O exército nos parou perto do Rudinick, era uma pesquisa, quantas vezes viaja, cada quinze dias, como? Carro, avião e ônibus, tem sido assim nos últimos quatro anos, seguimos com a mente vagando, vai mudar.

Bem que eu falei muitas vezes, meu tempo aqui vai ser quatro anos, pois olha vai dar cravado.

Neste fim de semana deu para ver que os ventos da mudança sopram para outras pessoas, também. Havia uma sensação, alguma coisa no ar, mistura de esperança e melancolia, mas que havia ventos era certo. Iniciaram na madrugada, em rajadas que faziam a porta bater na pousada. Fui ver, sei quando está ventando. Uma ansiedade pairou, ninguém relaxou preguiçosamente na manhã de domingo como era comum. De repente todos partiram em busca de sinais do destino.

Distante dos fatos, mas não da energia, veio interrogação, que silêncio é este, é que passarinho na muda não canta, barriguinha sabe. Tem mudança por aí.

Selso

sexta-feira, 20 de maio de 2011

MANTA DE PATAS DE ARANHA

Ninguém pode se queixar, avisamos, vem aí um monte de mantas, hecho a mano. To safo, já na loja saiu sentença “para mim não”, a vendedora achou a maior graça. Falei assim depois de ver um lindo maço de lã mesclada de azul em diversos tons, pensei no tricolor pampeano.

No modelo teste tinha uma sequência de marrons, escuro, médio, claro, mosqueado, com bolinhas, enfim o produto final ficou daqueles de “parar” o escritório. Até não entendi a proposta, tipo um tubo, assim, grosso, “na cidade não tenho visto igual”.

Me fez recordar um companheiro com um blusão de dois losangos amarelo/marrons de corpo inteiro, fez estourar incontroláveis crises de riso no andar superior do banco, abatido ele falava, a mulher que fez, uma hora eu tinha que usar. Depois deste dia fatídico, podia nevar, ele tirava a blusa e passava frio direto, pertinho de casa vestia de novo. Reza a lenda que botou fogo no tal blusão durante uma caçada de perdiz e disse que talvez tivesse sido “inveja” do pessoal.

Voltemos, aquele modelo azulego, remotamente, ainda sugere algo futebolístico, mas tem certa graça. Esta denominação de cor surgiu porque passava no Canal Rural o leilão de um cavalo crioulo com a tal pelagem.

Hoje apareceu novidade, um novelo completo, que eu identifiquei de cara, igualzinho a patas de aranha caranguejeira, impressionante como a indústria se apropria das coisas naturais. Se esqueceram como é, vejam  na web, as pernas parecem pedaços da linha. E o ponto, então, dá a impressão do rastro dos pneus de trator no barro preto da fronteira. Daí que eu me parei a pensar na alma bondosa que vai ganhar esta graciosa peça.

É possível conferir no http://entrealinhavoseideias.blogspot.com/2011_05_01_archive.html o local mostra imagens de cada unidade(olhem lá, ajuda a somar mais pontos no contador dos acessos). Tenho sofrido porque meu pobre point, com três anos, já foi ultrapassado com luz. Olhando cada caso fiquei, mais uma vez, calculando, para qual sortudo elas tocarão.

Gente, olha só, sobrou um pouquinho de lã de cada manta, adivinhem o que aconteceu, o feliz ganhador vai levar, di grátis, linda luvinha, na mesma padronagem, daquelas sem dedos, enfim uma coisa. Teve, aqui mesmo, uma espécie de desfile, do conjunto(manta/luva), só posso dizer, fantástico. Assim que for possível vamos, com sorte, fazer um registro de imagem, bacana, ahahahahahaha
Estou usando as luvinhas para escrever, falei em levar para o banco, no que fui imediatamente desaconselhado, está vivo o caso da blusa com losangos marrons e amarelos.


Abraço
Selso

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

YERBA MATE


Figurinhas achando o que fazer no sul da Ilha. Na classificação da Rê, aquele lado é reservado para os mais universais desvairados e ripongas, é irmãos, eles ainda estão rolando por aí. Se quiserem confirmar, fiquem, tarde da manhã, tomando um café na padaria do centrinho do Rio Tavares, devagar vão chegando, tatuados, coloridos, despojados, são assim, totalmente calmos e silenciosos, sem pressa...
Alí, sem mais compromisso do que esperar a Aninha, nossa “proposta” era estabelecer um entendimento com os residentes, acena, dá bom dia, pequenas conversas, e o tempo correndo. Na verdade a gente estava em intensa atividade, vai e vem, de carro preparando coisas e situações.
Assim dava oportunidade de acompanhar os acontecimentos, coisas engraçadas como um morador de rua, no sol do meio dia, sem camisa, concentrado na leitura de um jornal velho. Outra hora o companheiro vem para perto do nosso QG e passa a provocar os Rotwailers. Tomado, balançava, fazia sambinha, imitava queda no chão, em frente a um portão enfurecendo os cachorros na maior alausa, lindo de ver, tinha uma garrafa na mão esquerda e um pedaço de madeira de construção na outra. Se algum dia os cachorros tiverem chance de sair, vão provocar “acidente” feio.
Eu, com as manias de pão integral, fissura geral, vivo importunando as atendentes de padarias pelo mundo, eheh, daí que recebo “contribuições” sobre onde existem aqueles preciosos alimentos ricos em grãos, fibras, ômega dez, e tudo mais. Já viram, a comunidade local é rica em interações, as pessoas colaboram indicando onde tem fornecimento destas especiarias.
Então uma amiga da San falou em sortida lojinha natureba, bem ali na Pequeno Príncipe. Bom, podemos imaginar, como foi a invasão do nosso Staff ao local, todo mundo iniciado, nossa modalidade para enlouquecer as moças que cuidam do lugar e orientam os clientes, é simples. Nos espalhamos pelos corredores guardando uma certa distância entre cada um, logo vamos pegando coisas, colocando nos balcões, mexendo, olhando composição, origem, validade. Intercalando com expressões, absurdas, olhem isto, vem “das abelhas” ahahahahah, meio gritado porque cada um está concentrado em ala de interesse. Além dos pães, o grupo dos temperos, causa aflições, todo mundo palpitando, para o que serve, onde viu em distantes continentes, a turma é competitiva, não tem ?. Foi assim, por exemplo, que compramos um pote inteiro de um tareco que vem a ser uma pasta de gergelim, era para ser bom, mas ficou, ficou na geladeira da Rê, deve estar por lá, ainda.
Foi um duro teste, a turma da loja, já estava perdendo a calma, por fim íamos saindo,com o tal pote de gergelim, a rigor é meio assim, um tipo de “pasta” com um cheiro que me lembra o que a gente chamava de patê, eu fiz muito era torresmo passado na máquina de moer carne. Mais, claro, um pão de centeio e um vidrinho de mel, só, daí a vontade da dona da loja, que estava no caixa, de nos incinerar em praça pública.
Bem nesta hora a Florzinha olha um pacote de erva, bem no alto, e para desespero da caixa, quis “reabrir” a conta, turista já viu, não é ? Achei que devia “intervir” no tema, afinal....... eu já tinha visto a embalagem amarela, vistosa, de Yerba Mate. Neste ponto, nem sei direito como aconteceu, acho que foi o fator turístico, eu já tinha perdido o que se chama de “auto-crítica”, ahahahah. Disparei a comentar que era a marca favorita de famosíssimo guerrilheiro correntino, e que naqueles sórdidos tempos o melhor agrado ao combatente era enviar um pacote de Yerba para o inveterado tomador de mate. Espantados clientes da loja, olhavam pasmos, minha performance, fui além, confirmei tudo dizendo que tinha estudado a biografia e tal, e que era um case mundial muito documentado, uma vez que ele tinha verdadeira mania de fazer diários, daí o filme.
Agora, a vida real, fizemos um mate com a Yerba notável, diabo de amarga, recordei da viagem a Posadas, e ficamos na prosa. Mas assim que eu servia um mate o “da vez”, reclamava, e sinalizava intenção de devolver, no que era prontamente espinafrado pela torcida geral. Afinal conhecemos a lenda, é falta grave “não tomar” o mate que lhe foi servido. Dizer um “gracias” logo depois do primeiro chimarrão, não é propriamente ofensivo mas remete a pensamentos de que talvez se trate de gente do exterior, do Norte, coisas assim,
Na iminência de perder os companheiros da roda, de modo barulhento falei, não sei porque estão reclamando e fui olhar “outras características” da yerba, me atraiu a origem, Catanduvas(SC).
Ia sair de fino, mas não deu, já tinha juntado povo ao meu lado, foi mal.
Abraço
Selso