domingo, 3 de maio de 2009

PESCADA AMARELA






Antonina é assim, a cidade passou um tempo meio parada e agora existe um esforço para reconstruir e reformar as belas casas colôniais que restaram. Procuramos local para o almoço, tinha que ter peixe. Escolhemos um num ponto elevado, ficamos olhando a baia, o vento deixava marcas de espuma como linhas que vão mudando conforme a corrente.





Perguntei se a pescada que estava no cardápio era amarela ou branca, vacilou a atendente mas disse que era amarela. Falei desta forma só para conversar um pouco, quase como a dizer, entendo um pouco disto. Ficou assim o pedido, pescada, carne de siri, pirão d’água e salada.

Tinha um aviso de que demorava meia hora, então deu tempo de analisar a decoração com fotos antigas e motivos marítimos, bem típicos. Pegamos os Moleskines, minha última anotação era do carnaval em São Paulo. Incluímos mais coisas e nos distraímos com o barulho do restaurante. Esta mania de registrar coisas num bloco de notas, pareceu, digamos , estranha para os garçons. Logo o serviço “melhorou” toda hora perguntavam se a cerveja estava boa, avisaram que o prato já vinha e tudo mais. Reparamos nesta alteração, deixamos rolar, pensamos que tinham imaginado se tratar de algum jornalista ou pessoa que estuda os restaurantes, sei lá. Nos divertimos com a situação, eu pensava em pedir para o garçon tirar fotos mas desisti, eles iam ver que estávamos blefando.

Veio a pescada, era amarela mesmo, um sabor que só encontramos nos restaurantes da costa, você pode rodar mundo, não acha parecido. Aprendi isto em Florianópolis,tentei várias vezes fazer ostras, camarão a não sei o que lá, caldo de garoupa, não fica tão bom. É tudo um saber fazer, simples , nada a ver com sofisticação, pode conferir no Restaurante do Antônio no Sambaqui. Também “ovelha não é prá mato” .
Falando em ovelha, cansei com o tempero excessivo da carne ovina nas churrascarias. Não repare, sem modéstia, podemos competir nesta questão. Veja o seguinte, cordeiro até 6 meses de boa raça, na dúvida tente o Texel, no dia anterior deixe “resfriando” pendurada. No outro dia separe os cortes principais paleta, quarto e costela. Com um braseiro firme espete lá pelas dez e trinta, tempero só com sal grosso, não muito. A costela vai com o osso para o lado do fogo que deve se manter “firme” se não a carne “encroa”. Medida boa é sempre fritandinho a gordura, quando perceber que o calor já passou para o lado de cima, fica “empolada” , então pode virar, dá um ponto dourando por inteiro. Fácil, viu. Acompanha rodelas de abacaxi bem maduro e fatias de pão francês. A bebida pode variar, se você está na mesa de jantar, um vinho tinto tem muito valor. Para o caso de estar em volta de uma churrasqueira com alegre turma conversando, cerveja é o melhor.
Que devaneio, voltemos ao caso de Antonina, já tinha uma fila de espera, então saímos para uma caminhada pela cidade, gastamos um tempo no trapiche. Gosto de locais antigos, fui à igreja e registrei, mentalmente, três pedidos, reza a lenda que você tem direito de fazer isto cada vez que entra num templo religioso pela primeira vez.
Depois, aí sim, fizemos algumas fotos na frente do restaurante, pensei vou colocar no Orkut, minha filha diz “na idade de vocês na balada é que não vão, então comer bem, pode” não é divertido?
Foi aí que o maitre nos reconheceu, precisava a ver o rosto desapontado, deve ter pensado “eram só turistas”.
Abraço,
Selso Vicente Dalmaso