sábado, 25 de junho de 2011

LOUQUEANDO EM SAMPA

Bom,  no sábado partimos felizes, mais um rolo, os celulares tocando, a Rê já estava na grande Urbe. Tem uma rotina, chegando a gente se instala e parte para as ruas, primeiro compromisso é buscar o kit, tipo de apelido, para o conjunto da camiseta, brindes, bonés, chip, propagandas e obrigatoriamente passar por um corredor com ofertas de tudo que é porcaria que a gente não precisa, mas fazem parte da liturgia. Cronômetros, porta medalhas, óculos(por sinal eu não corro com os de sol normais, são pesados, até que tinha uns que me agradaram, quem sabe, super leves, protegem dos raios gama, ahahah, nas fotos dá para ver que o sol tropical nos castigou os olhos), bobagens de comer, na linguagem deles são energéticos, dizem que o melhor mesmo é rapadura, gostei do mandolate no final da corrida, eu comprava em Caçapava lá perto do Taschetto, que tinha um depósito de bebidas com um cheiro característico dos engradados de madeira com cachaça derramada. Outra opção é rapadurinha de leite, foi o que me salvou aqui durante uma “corrida da prefeitura” não deram nem mesmo as tradicionais bananas, ricas em potássio para evitar as câimbras. 
  
Se tem uma coisa fundamental mesmo é a camiseta do evento, sem ela não tem graça, é bom  ver a multidão toda colorida.   Nosso hotel ficava a onze quadras, fomos caminhando, logo em seguida vão chegando pessoas com a mesma camiseta, a gente fica aliviado, porque o trânsito é interrompido e precisa apressar para aquecer, ir no banheiro. Aqui tem um capítulo, o caso do banheiro. Num dia normal de trabalho a gente só lembra disto antes do almoço, mas a ansiedade da corrida acelera os procedimentos, de repente precisa ir nas detestáveis  “casinhas” que tinham tudo para ser modernas, mas parecem certas construções que conhecemos em tempos idos.
No mesmo nível tem o “Número de Peito”, nome assim meio esquisito, pode confundir os não iniciados, na verdade é o emplacamento do competidor, desta vez fiquei muito orgulhoso com o 27.147 e o da Rê, 24.153.  Fornecem, também noção da performance dos abnegados seguidores deste tipo de religião, neste caso quanto mais baixo o número melhor o atleta
Uma idéia da dimensão da corrida foi na retirada do kit, ocupava um ginásio inteiro no Ibirapuera, e nós ali zanzando.  Mas a turma do esporte das ruas é calma e devagar as coisas vão se organizando. Não tem nervosismo, gritos, empurrões,  mesmo quando a numeração ia até 28.000 uma coisa de louco.  Grandes marcas no patrocínio tudo fica mais fácil, uma hora, deu para tirar foto, validar o chip.
 No Ibirapuera já achamos um ponto para um almoço leve, feijoada. Gastamos horas olhando os tarecos do kit.  Retornamos para o hotel, um corredor precisa “sestiar”,  em seguida andou o plano para a noite o restaurante precisava ser temático, pastas e vinho, certo.
Ritual consagrado a Noite da Macarronada foi intensa, já tinha mais pessoas da família, suficiente assim para zerar dois chiantis na maior tranqüilidade, ali mesmo na Moema.  Esta parte de relacionamento social é da Florzinha, assim que tocamos o solo Bandeirante ela ligou para queridos parentes da capital.  E aí tivemos um carinhoso apoio na escolha do lugar, e principalmente a companhia alegre no jantar, é o que eu sempre falo, apesar de rodar por aí temos  necessidade de estar com pessoas que conhecem nossa cultura.  

Precisamos recordar, foi antes da vinda da Aninha, a gente em grande atividade, planejou o ano de 2011, cada mês um evento esportivo oficial. Naqueles dias mesmo era Jurerê,  depois alguns aqui da cidade. Daí veio aquela jornada épica de POA, era um início de ações externas, foi em março.  Sumimos em viagens e treinos leves, então um dia a Rê enviou mail comunicando a maratona de São Paulo.   Nos atraiu imediatamente, partimos para as ofertas de passagem aérea, a montagem toda foi da Florzinha,  com apoio da turma de Sampa, além da família tem amigo especial da Rê.

E aí amigos, a concentração tinha, algo como 30.000 pessoas, demoramos mais de 15 minutos para chegar no pórtico. Nossa equipe, participando no grandioso evento, música linda, gente do mundo inteiro, uma coisa.
Saímos num trotesito subindo a Ponte Estaiada, monumento da modernidade da capital, desci embalado até a rua, em seguida sobe de novo e atravessa o rio Tietê fazendo um retorno, quase dois km nesta lida.  A Florzinha se mandou para o local da chegada, era a primeira corrida que terminava em outro ponto.  Continuamos por uma larga avenida, a Berrini, para em seguida chegar na JK, daí num longo túnel em U, lá no meio tem um poço de luz bem grande, os raios de sol mostravam a intensa fumaça da poluição,  o que nos trouxe uma preocupação porque nesta altura já havia cansaço.  Lá no km 9 viramos para o parque Ibirapuera, cheio de sol, um conjunto tocava um samba nos divertindo.  Nesta altura já tinha multidão, TV, locutores, tudo muito emocionante, exaustos e felizes nos dirigimos para a vitória simbólica dos atletas amadores, chegar, sorrir, abraçar os amigos e familiares.

Então esperamos a chegada da maratona de verdade, quase uma veneração, eles correm 42 km, precisa muita coragem, parabéns a todos.  Um arrepio percorre a multidão quando os maratonistas estão no ponto que eles chamam de funil, ali no final do percurso.
Achamos difícil de encontrar em solo pátrio outro evento assim, vamos dar chance para o Rio de Janeiro, quem sabe no segundo semestre, aguardaremos. 

Não deixaremos de avaliar situações além fronteiras, nos parece atraente a idéia.
Abraço
Selso Vicente Dalmaso

quinta-feira, 9 de junho de 2011

"QUANDO OS VENTOS DA MUDANÇA SOPRAM..."

“Algumas coisas eu planejei, o resto foi destino mesmo”, eu que falei isto.
Quando a gente quer acostumar numa situação de conforto, os astros desalinham e, você sente os ventos da mudança. Intrigante, parecia que, de novo, se organizava uma composição para continuar um bom tempo assim.

Aí, num vacilo, altera um projeto, alguém fala “de uns estudos” e lá se vão os planos. Não tememos a mudança, só que conhecemos o preço e, também, as vantagens. Vai em nosso sentimento a necessidade de um recomeçar, tudo terá de ser feito. Quando saímos a regra era que o certo era vir, agora o certo é partir, é assim.

Tudo começou num almoço de novembro 1999, eu falei, vagou Itajaí, e nunca mais sossegamos. Aqui mesmo eu falava, tá corrida a lebre, estou pronto para ir embora. De repente você tem esta sensação. Primeiro a gente pensa, depois o destino faz as coisas acontecerem conforme você desejou. Forças cósmicas se arranjam e tudo vai no sentido da realização das mudanças.

O exército nos parou perto do Rudinick, era uma pesquisa, quantas vezes viaja, cada quinze dias, como? Carro, avião e ônibus, tem sido assim nos últimos quatro anos, seguimos com a mente vagando, vai mudar.

Bem que eu falei muitas vezes, meu tempo aqui vai ser quatro anos, pois olha vai dar cravado.

Neste fim de semana deu para ver que os ventos da mudança sopram para outras pessoas, também. Havia uma sensação, alguma coisa no ar, mistura de esperança e melancolia, mas que havia ventos era certo. Iniciaram na madrugada, em rajadas que faziam a porta bater na pousada. Fui ver, sei quando está ventando. Uma ansiedade pairou, ninguém relaxou preguiçosamente na manhã de domingo como era comum. De repente todos partiram em busca de sinais do destino.

Distante dos fatos, mas não da energia, veio interrogação, que silêncio é este, é que passarinho na muda não canta, barriguinha sabe. Tem mudança por aí.

Selso