sexta-feira, 25 de abril de 2008

Lanche natureba



Velha instituição se renova, é a feira livre na rua. Lá por volta de 1970 eu morava numa república em Pelotas com os irmãos. Cansados do arroz com alguma coisa, charque, guisado, salsicha, picadinho, começamos a ir numa feira que tinha na frente do apartamento. Assim passamos a incluir saladas e frutas na dieta. Nos últimos anos ficaram mais populares os sacolões, e alguns tipos de feiras permanentes. Estes tem um problema são um tipo de self service sem interação com o vendedor ou feirante.
Aqui visito regularmente no sábado, a feira do Juvevê. Local de confraria, conversas amistosas e um ir e vir democrático. É uma entidade, serve, em nosso caso, para conhecermos, de fato as pessoas que moram pelas redondezas. Ela atrai tipicamente os moradores do entorno, muitos se conhecem, falam sobre futebol e outras coisas. Os feirantes, por seu lado, verdadeiros mestres no relacionamento humano, brincam e ensinam coisas, como preparo de alimentos, se as frutas estão maduras, na maior alegria. Iniciamos entendimentos, compramos uma sacola, “I’m not a plastic bag” na cidade existe um propósito de substituir as sacolas plásticas de supermercados, eles tem sofrido multas severas.

Demorei na banca dos chás, tinha poejo, lembro de quando eu era um garoto, talvez, sete anos, um cavalo nosso escapou para o campo eu e meu pai fomos tentar trazer de volta. Na caminhada ele apanhou um punhado de poejo e pediu para eu guardar, era um ótimo chá para gripe - veja que cheiro bom - nunca esqueci. Trouxemos uns pacotinhos de verduras já cortadas, a preguiça dos tempos modernos impressiona. Queria comprar pinhão, mas lembrei que não tinha panela de pressão, parece uma coisa, ficou na república dos filhos. Poderia fazer um carreteiro, vi um charque de qualidade, mas a minha panela de ferro ficou numa destas mudanças de endereço, foi-se a velha companheira dos domingos. Eu me defendia no carreteiro, ficava horas preparando e conversando com quem estivesse em casa, é um tipo de socialização. Sempre tive influência da mãe ela tinha uma panelinha de ferro para fritar ovos e bolinho, jamais grudava.

Dia destes ataquei um pastel, sempre ouvi comentários sobre pastel de feira, resistia, depois que inventaram o colesterol, ficamos com poucas opções. Garanto, estava delicioso. O point do pastel é o mais concorrido, junta povo. Vendo esta situação fico com a impressão de que só eu me importo com esta história das gorduras. Nem me animo a olhar o salame “meia cura” levemente defumado. Antes se colocava direto, em cima das brasas, do fogão à lenha, acompanhava o café da manhã com polenta brustolada. Um novo tempo, todos de impecável uniforme branco, aquele boné regulamentar, tudo muito lindo. É assim com todos que lidam com alimentos para consumo imediato e do grupo das carnes.

Ontem, achei uma variante natureba para o lanche da feira. É a pamonha, feita na hora, muito saborosa. Eu aprendi a gostar deste produto, depois de uma pamonhada, no tempo do Projeto Rondon em Goiás, muitos sabores. Eu pedi uma salgada, é totalmente natural, só milho verde ralado cozido na água fervente. Sem qualquer indício de excesso de gordura, sal ou outras coisas. De longe tem um sabor de polenta. Mais uma vez comemos em pé na rua. Acontece que já começou, de leve, a campanha eleitoral. Desta forma, podemos ver que um aglomerado espontâneo como este, é como um comício de graça, não precisa promoção. Um político, cotado, não vai sozinho, primeiro vão dois carros com segurança e uns assessores. Eles se distribuem por ali, e tomam conta de umas mesas. Em seguida celulares disparam mensagens, pronto aparece o homem, que assim vai “encontrando” amigos como se fosse a pessoa mais popular do mundo. Tudo leva ao principal ponto, chegando perto do local mais concorrido, bancas do pastel e da pamonha, naquelas duas mesas estratégicas reservadas, dúzias de correligionários já se acumulam e fazem a maior festa como se fosse uma surpresa a presença do famoso. Imediatamente, alguém sugere um pastelzinho, claro ele aceita. Desta maneira, já por duas semanas eu, sem “equipe precursora” faço uma boquinha em pé mesmo.

Aqui vamos fazer um reconhecimento a esta planta natural da América do Sul, o milho, havia sido domesticada pelos índios. Morando em Balneário Camboriú uma das coisas mais gostosas da praia era o milho verde, muito bem preparado nas dezenas de bancas da praia. Diga-se feito em casa não fica tão bom, tentei várias vezes não deu bem certo. Mais uma vez, aperitivo rico, muito rico, fibras, amido, betacaroteno um pouco de proteínas. O milho verde se instituíu, como opção nas praias de todo o Brasil, sem qualquer tipo de propaganda. Quando os filhos eram pequenos, eu levava para a praia uma faquinha de mesa e cortava os grãos na fileira da espiga, era uma solução simples, porque eles não mastigavam direito e ficavam com dor de barriga. Todos adoravam o milho e seria impossível dizer hoje não ou coisa assim.
Abraços

Um comentário:

Anônimo disse...

adorei como vc colocou a assinatura do lado... ficou bom mesmo!
e paps, acho q seu modelo de vida saudavel eh o melhor q tem... sempre tento seguir seu exemplo... e jah mudei bastante... pastelzinho de feira soh raramente pra mim...
mas de vez em nunca nao tem problema...
quando vai me mandar a tal foto pra eu arrumar? manda pro meu email do yahoo!
e sobre a panela de pressao e de ferro.... po... vcs tao exagerando com essa historia minimalista de vcs em curitiba... uma panelinha extra custa 50 pila, uma de pressao custa 100... nao vao morrer neh? chega de arroz com bife!

beijao