sábado, 8 de outubro de 2011

FUNDO DE CAMPO


Era o primeiro decanato de aquário, num janeiro louco de seco e quente. Ventou “norte” três dias, no final da tarde o sol baixou atrás de nuvem escura, que veio cobrindo tudo num temporal medonho.

O pai fez um meio sorriso orgulhoso, Dona Chininha avisou, “piá”. Havia ansiedade o ramo paterno era conhecido pela macharia, e a mãe tinha montes de irmãs. Reza a lenda que Dona Chininha, cabocla meio índia Guaraní, fez um gesto em cruz e uma prece singela, “crê’in Deus Padre”, e completou, “Deus ti crie pru bem”. A mãe pediu para o lampião chegar perto e sentenciou “ele vai ser doutor, não vai se criar neste fundo de campo”.

Pois se fala que pegou um portezito e vivia em busca de colégios, estudos, viagens e nunca mais sossegou.

Ficar em casa nos três meses das férias do verão custava, vivia inquieto.

Enroscou o anel de grau numa porteira, botou no bolso, lidava numa pesagem de gado. Deu falta já em casa, nunca mais se viu o símbolo da promessa realizada, a pedra era azul.
Abraço amigos

Um comentário:

Carmem Dalmazo disse...

Enquanto o tempo vai passando as mais belas recordações nos encantam novamente pela segunda vez, a primeira passou meio desapercebido...e depois...lá pela metade ou um pouco mais de vida elas, as lembranças, ficam doces...
Feliz aniversário!...
Um abraço