quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O RETORNO



Compromisso no Rio Grande Amado, é formatura na Agronomia, em Pelotas, segunda geração familiar temos de ir. Agenda apertada, escolhemos, modo de dizer, ofertão, primeiro horário para Porto Alegre, meio arriscado, muita neblina por aqui. Mandou bem. Meio de ressaca, tem de acordar às cinco da matina, aliviados fomos manobrando em cima do Rio Guaíba, não demorou alugamos um bravo 1.0 ali na frente do Laçador. Embicamos para o Sul, nosso propósito era lembrar algumas situações e rever lugares, coisa de trinta anos atrás.

Paramos na esquina de Tapes, naquela época este ponto presenciou minha última viagem de carona. Era universitário e visitava um amigo por ali, sem nenhum, chegou a noite e madrugada, embarcamos numa carreta de soja, prometendo acabar com este tipo de aventura, quase se complicou a coisa. Num tempo foi divertido, fazia a rota Pelotas\Porto Alegre, às vezes só para ir a um baile, ou a barzinhos famosos, eu gostava de um ali na ponta da Salgado Filho, mas acabou.
Mais um trecho, chegamos ao Gril, em Camaquã, todo mundo dava um tempo por ali nas viagens era o meio do caminho. Guardo o tempo em que se viajava de “Limousine” era o que seria hoje um microônibus, num motor a gasolina oito cilindros, corria livre a 120 km hora, passava todos pelo caminho. Só depois vieram os famosos Marco Polo, era um case, tinha garçonete, balas, água, café, se a turma da Gol visse. De Camaquã ficou a memória de pesquisa que fizemos, para o Rondon, no primeiro projeto de reforma agrária do Sul do Brasil, no conhecido Banhado do Colégio. É obra do Leonel Brizola, lembrou deste nome, por volta de 1967 se inaugurou a Barragem do Arroio Duro que iniciou o plano. Era de lotes de lavoura de arroz, só vendo para entender a complexidade.

Continua a aventura, passam caminhões com casca de acácia negra, é para extrair tanino, são assustadores, imensas cargas sem proteção vão deixando cair feixes pelo caminho. E mais aquelas carretas de farelo de soja que vão para o porto de Rio Grande, antes chamado de Super Porto do Rio Grande, a gauchada sempre se achando. Lá mandamos buscar a primeira calça LEE, eu tinha 18 anos. Quem trouxe foi um colega que morava no Rio Grande, ele tinha várias, a gente ficava com inveja, custava uma nota, os marinheiros vendiam. Usei, bem assim, um mês inteiro, depois foi lavada por mim mesmo, morava no colégio interno. Começou a ficar desbotada, mais 30 dias e outra lavada, ficou no ponto, finalmente eu me sentia um “igual”. No sábado vinha para o centro, primeiro na lanchonete Forno, depois cinema. Fui conferir, o Forno não existe mais.

Noite de sábado, festa, sessão solene, é a segunda geração dos Dalmaso na Agronomia da Ufpel, inteirou três nomes, não demora, mais um. Visitei a árvore que nossa turma plantou, cada grupo de formandos, simbolicamente deixa uma pequena árvore identificada, no caso, “Formandos dezembro de 1977”. Uma vez mostrei para um paulista, ele fez comentário tipicamente debochado comparando com lápides de um cemitério, francamente ofensivo sem levar em conta o contexto da tradição local, a escola de agronomia tem 125 anos, eu estou no livro do centenário.

Renovei meu juramento, é costume, nas solenidades, os agrônomos presentes são convidados a levantar e repetir as palavras junto com os formandos.

Depois delicadas iguarias, tripa gorda, morcilha, no El Paisano, parrila temática Uruguaia, maioria das opções é de cordeiros. Acompanhou famosa cerveja, em litros, recém agora nossa pátria oferece a primeira marca neste volume.

No remate, baile até o conjunto parar como tem de ser, chegamos “com o pala em tiras” , além de extenuados pela função toda, assim que o avião estabilizou um relâmpago alumiou o céu das dez da noite e mergulhamos em assustadora turbulência por meia hora. A galera em respeitoso silêncio já via próximos os telhados quando a nossa nave acelerou em baixa altitude e foi para os céus de novo, o que teria havido. Enfim veio aviso que havia (pode?) um avião taxiando na pista, volta e descemos quadrado, um baque e freadas bruscas.

2 comentários:

Gelsa Helena disse...

Festa mto boa aquela, exigiu esforço de nossa parte pra dar conta de estar presente à cerimônia. Mas o formando merecia o sacrifício!!!!
Interessante ver os três agrônomos da família, formados pela mesma universidade!!!!!Coisa de dar orgulho!!!!bjo

Luiza disse...

Foi uma pena eu não ter conseguido chegar antes. Eu tinha planejado passear por Pelotas com vocês para ouvir boas histórias dos tempos moleques de vocês. Mas mesmo com tempo curto para mim foi ótimo ver vocês, acompanhar o Gabrielzinho. Aliás, ele veio para SP semana passada fazer uma seleção de trainees, você soube? Foi bom porque era sexta-feira então ele passou o final de semana conosco. Eu e o Gaba (o meu Gabriel) levamos ele ao cinema, ao Ibirapuera, na Paulista, na Faria Lima, essas coisas de SP. Faltou o centro da cidade, mas é que SP em pouco tempo não dá. No dia seguinte ainda tivemos de ver o Palmeiras perder para o Grêmio. QUe dureza.

Quando quiserem podem visitar a gente também. Os meus programas são diferentes dos do meu pai. Eu não curto mais a feirinha da Benedito Calixto, haha.

Parabéns pelos seus textos, tio. Continue em frente que dá gosto.
Bjs, Lula.